terça-feira, 16 de agosto de 2011

Mulheres que apanham na TV abrem debate sobre violência doméstica

Veja personagens e artistas que estão na luta contra a covardia na ficção e na realidade

Bruna Ferreira, do R7
lucinhalizvidasemjogo-materiaMichel Angelo/Record
Zizi (Lucinha Lins) é vítima da violência do marido, em Vidas em Jogo (Record)
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Reta final de Insensato Coração (Globo) e o mau-caráter Vinícius (Thiago Martins) agride Cecília (Giovanna Lancellotti) ao ponto de ela perder seu bebê na prisão.

Em uma das cenas mais fortes de Vidas em Jogo (Record), Zizi (Lucinha Lins) e Adalberto (Luiz Guilherme) brigam feio e, não bastasse a aspereza das palavras, o marido mete um tapa na cara da própria mulher.

Não contente com a humilhação, ele persegue Zizi pela casa, que já implora para que ele tenha misericórdia, mas cego de raiva, ele a faz cair no chão e lhe dá uma surra até ele se cansar.

A atriz que interpreta a batalhadora Zizi diz que é uma cena que exige muito dos dois atores.

- É difícil e impossível não sair um pouco ralado. Por mais que a gente se prepare para isso, sai um pouco do trabalho técnico, aí você chora de verdade, quer que acabe de uma vez.

Feliz pela direção da novela ter acreditado nela para este papel complicado, a atriz afirma que tratar a violência doméstica na TV pode virar uma verdadeira campanha instrutiva.

- O problema existe, ele é real e faz parte do nosso dia a dia. A consciência das pessoas pode afastar o medo de denunciar. Até então, a vítima era considerada culpada.

Lucinha ainda vai além e diz que mesmo quem não sofre com esse tipo de maus-tratos precisa acordar.

- Não é possível um vizinho ouvir essa briga e não chamar a polícia, não tocar a campainha e ver se está tudo bem. Fingir que não está ouvindo? É inadmissível.

Em Morde & Assopra (Globo), a personagem Lavínia (Nívea Stelmann) terá um final feliz, conseguiu se livrar do marido agressor, que a manteve em cárcere privado. As cenas violentas não foram ao ar por causa do horário, mas Nívea diz que a ideia estava implícita.

- Sempre é válido levantar essa questão, porque ainda existem muitas mulheres que sofrem com maridos violentos e não denunciam por medo, por vergonha, dependência financeira, pelos filhos e outros fatores.

A atriz diz que algumas mulheres foram até ela para compartilhar suas histórias assim que a personagem começou a sofrer.

- Tive muita resposta no Twitter. Gente que vinha me contar que passava por isso. Muitas se identificavam com a Lavínia.

Luta na vida real


Giselle Itié que está organizando uma exposição chamada Save Us com o trabalho de vários artistas que abordam o tema da violência contra a mulher diz que o tema nas novelas é positivo, desde que bem trabalhado.

- Depende de como o autor vai repercutir e como ele vai trabalhar a relação, punição, consequências para o agressor e a vítima. É importante pensar nos resultados.

Uma pesquisa do Instituto Avon/Ipsos 2011 diz que seis em cada dez brasileiros conhecem uma mulher que foi vítima de violência doméstica.

Das 1.800 pessoas entrevistas nas cinco regiões do Brasil, 27% das mulheres declararam já ter sido vítimas de agressões.

paolaoliveira-materia
Paola Oliveira, a Marina de Insensato Coração (Globo), atua na luta contra a violência doméstica

A atriz Paola Oliveira, que hoje interpreta Marina em Insensato Coração, emprestou sua imagem para uma campanha do Instituto Avon contra os maus-tratos às mulheres.

- Querendo ou não, somos [os artistas] formadores de opinião. Os mesmos veículos de comunicação que fazem parte da nossa profissão, também podem levar informação e ajuda em tantas causas sociais importantes.

Paola diz que ficou impressionada com os números apresentados pelo Instituto e que isso foi fundamental para ela decidir ajudar.

- A falta de punição gera injustiça e acho que já é um motivo bastante inquietante e importante para apoiar a campanha. Se o pouco que posso fazer para ajudar a dar voz e um pouco mais de coragem a essas mulheres, já ficarei feliz.

Maria da Penha


A brasileira biofarmacêutica que viu sua história de sofrimento virar um exemplo de resistência e seu nome famoso na Lei Maria da Penha, que pune a agressão às mulheres em âmbito doméstico, diz por que o tema nunca fica batido.

- Infelizmente, a violência doméstica é uma manifestação democrática e está presente em todas as classes sociais, econômicas e culturais, sem distinção.

Atualmente no comando do Instituto Maria da Penha de proteção às mulheres, ela acha "brilhante" a iniciativa de trazer o tema para as telenovelas, mas ressalta a responsabilidade que elas devem ter.

- É necessário que sejam passadas informações corretas, livres de preconceitos, e que ao final, contribuam para o fortalecimento das mulheres e de toda a sociedade. Tem que mostrar o que significa a Lei Maria da Penha e divulgar o que a Lei prevê.

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