A praia era o habitar das abelhas, mas os pescadores queimaram as suas colmeias, também conhecidas como enxus. E hoje, a vila cresce e se desenvolve com a pesca da lagosta.
No começo dos anos 50 do Século XX, havia um trecho de praia do litoral potiguar que era defendida pelos seus habitantes com unhas e dentes. Mas esses seres dominantes não tinham nem unhas nem dentes. Tinham ferrão. Eram as abelhas.
Por conta disso, os pescadores tinham suas casas bem distantes do mar, na vila de Canto de Baixo, que pertencia ao município de São Bento do Norte e era um próspero distrito, vivendo do comércio, da agricultura e da pesca.
As abelhas eram um desafio e não deixavam ninguém em paz, nas imediações da orla mais próxima do distrito. Elas faziam enxus nas pedras e nos coqueiros e eles se multiplicavam cada vez mais.
Até que alguém teve a ideia de queimar os enxus, para diminuir o número das abelhas. Muita gente foi contra por conta do mel que era farto, mas os pescadores venceram, fizeram queimadas constantes e as abelhas se renderam ao homem.
Livre do perigo da ferroada, os pescadores começaram a construir pequenas choupanas, para proteger do sol as suas famílias que acompanhavam as saídas e chegadas do mar, trazendo o sustento.
Com o tempo, eles começaram a abandonar suas casas em Canto de Baixo e transformaram as choupanas em casa, cujas paredes e cobertura eram de palha de coqueiro e o chão de areia bem branquinha.
O local passou a ser conhecido como a praia dos Enxus Queimados, pois durante muito tempo a ação do homem continuou sendo vista. E as abelhas que apareciam, tinham o mesmo destino.
Para simplificar a linguagem, o plural foi transformado em singular, e aí é que começa Enxu Queimado, hoje distrito de Pedra Grande e já com a mesma população da sede do município.
A maior preocupação dos nativos é que o nome de Enxu não seja confundido com o de Exu. O enxu é a colmeia das abelhas e exu é uma entidade do candomblé. O nome já foi registrado como Exu Queimado, por erro do IBGE.
Enxu Queimado é hoje um importante pólo pesqueiro na Esquina do Brasil e a sua colônia de pescadores tem mais de 50 barcos, voltados para a pesca da lagosta e da pesca do peixe em alto mar.
A praia tem uma paisagem ornada por dunas e coqueirais e um mar onde ficam ancorados os barcos a motor. Um detalhe é que toda a vila, apesar de viver do mar, da suas costas para ele. São poucas as casas com vistas para a praia.
E para quem nunca viu, vale o registro, o por do sol acontece no mar, durante boa parte do ano, enquanto o sol nasce atrás das dunas.
E se você quiser visitar Canto de Baixo, a então próspera vila que deu origem a Enxu Queimado. Vai ficar decepcionado. A última família de lá, os Varela, mudou-se e aderiu a Enxu. Hoje Canto de Baixo, com as casas soterradas e abandonadas é um canto de saudades.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Saiu a lista de quem recebeu dinheiro de Henrique Alves no RN; Confira
A prestação de contas da campanha de Henrique Eduardo Alves ao Governo do Estado do Rio Grande do Norte, nas eleições de 2014, foi aprovad...
-
A International Board, organização da Fifa responsável pelas regras do futebol, não autorizou a CBF a utilizar vídeos para ajudar a arbitr...
-
A praia era o habitar das abelhas, mas os pescadores queimaram as suas colmeias, também conhecidas como enxus. E hoje, a vila cresce e se de...
-
Hazel Jones causou tanto furor com a revelação de que possuía duas vaginas que não demorou para que aparecessem especulações digitaliz...
Gostei matéria, de saber mais sobre a terra dos meus avos paternos! Tem mais alguma informação sobre a origem das famílias que fundaram a comunidade? Obrigada!
ResponderExcluirExcelente explicação,muito bom saber a história da praia não só para visita lá mas conhecer de modo completo.
ResponderExcluir