|
Marco de Touros |
O dia 7 de agosto foi escolhido como a data do aniversário
do Rio Grande do Norte, porque nesta mesma data, no ano de 1501, aconteceu, em
terras potiguares, um dos mais importantes fatos históricos do país: a fixação
do primeiro Marco de Posse colonial da terra brasileira por Portugal, fato que
para muitos historiadores, representa o registro de nascimento do Brasil. e
para muitos o mais antigo, existente, da toda colonização portuguesa, e sua
fincagem foi o primeiro acontecimento histórico no território potiguar e também
o evento oficial de posse do país. Outros Marcos foram deixados no litoral
brasileiro, um no litoral baiano e outro na praia da Cananéia, São Paulo, sendo
o de Touros o mais antigo.
A esquadra que realizara esta travessia era formada por três
caravelas e tinha no comando o capitão André Gonçalves e Américo Vespúcio como
cosmógrafo, após longo percurso, saindo de Lisboa.
Quando os portugueses, na sua política expansionista,
chegavam às terras descobertas, deixavam o marco, oficializando a tomada de
posse de territórios que descobriam como sendo exclusivamente de Portugal. Eram
colunas de pedra, de altura variável, encimadas por uma cruz com inscrições em
português, latim e árabe, que os portugueses passaram a usar como prova de suas
descobertas e símbolos de sua fé.
O Marco de Touros é uma pedra calcária de granulação fina,
provavelmente de mármore português ou lioz, medindo 1,20m de altura; 0,20m de
espessura, 0,30m de largura; 1,05m de contorno.
Na parte superior, contém a cruz da Ordem de Cristo (a
famosa Cruz de Malta) em relevo e, abaixo, as armas do rei de Portugal e cinco
escudetes em aspas com cinco quinas, sem as bordaduras dos castelos.
O Marco de Touros é também cultuado pela comunidade de Cauã,
como se fosse santo, e o chamam até de “Santo Cruzeiro”. O culto ao Marco
surgiu em decorrência da falta de conhecimento das características da pedra e
das inscrições nela contidas, como, por exemplo, a cruz que representa o
símbolo da Ordem de Cristo. Esses fatores levaram a comunidade a crer que o
Marco era realmente divino, vindo diretamente de Deus para eles. Os habitantes
dessa comunidade acreditavam que tirar algumas lascas de pedra do Marco de
Touros para fazer chás não se constituía como uma agressão e sim como uma cura
para suas doenças.
A comunidade, mesmo na sua ignorância e pela sua obsessão
religiosa, contribuiu para que o avanço do mar não viesse a destruir o precioso
acervo – que foi o primeiro monumento histórico do Brasil português – pois, a
cada avanço do mar, o Marco era deslocado do alvo das ondas.
Desde 1976, encontra-se nas dependências da Fortaleza dos
Reis Magos, quando ele foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
Cultural. Na praia do Marco, em Touros, existe uma réplica do Marco, que mantém
a tradição, os mitos, a crença do povo e reforça a idéia de que a ação
religiosa dos habitantes preservou um patrimônio que, de outra forma, teria
sido destruído.